Lesão Esportiva: Considerações Psicológicas

Lesões no esporte podem ser atribuídas a fatores físicos, como falta condicionamento ou falha de equipamento, ou até azar. No entanto, fatores psicológicos também influenciam sua ocorrência. Pesquisas mostram que lesões acontecem quando atletas sentem estresse. O estresse é uma resposta do organismo para uma situação ameaçadora, que causa mudanças psicofisiológicas como aceleração cardiorrespiratória, tensão muscular, redução do campo de visão periférica, diminuição na atenção e outros. Essas alterações aumentam a chance da lesão, pois causam cansaço muscular, diminuição da coordenação motora e do tempo de reação. É importante ressaltar que a percepção de estresse é particular para cada indivíduo. Ela é uma combinação entre a avaliação das demandas da situação, os recursos do atleta para suprir essas demandas e a importância do resultado. Se um(a) atleta duvida da sua capacidade de disputar uma competição importante, ele(a) sente pressão, ansiedade e estresse – que aumentam as chances de lesão. Ao contrário, se um(a) atleta se julga capaz de disputar a mesma competição, ele(a) sentirá entusiasmo e avidez – o que atletas de alto-nível chamam de “bom estresse”. Assim, pesquisadores desenvolveram um modelo sugerindo que quatro fatores psicológicos influenciam a ocorrência de lesões no esporte: história de estressores, personalidade, estratégias de enfrentamento e intervenções (do treinador ou do psicólogo). Pesquisas mostram que atletas que têm uma história de estressores, como experiências traumáticas, têm mais chance de sofrer lesões. Além disso, pequenos aborrecimentos do dia-a-dia também têm o seu papel. Um estudo feito por pesquisadores australianos mostrou que atletas lesionados tiveram um aumento significativo no número de pequenos aborrecimentos na semana antecedendo a lesão. O segundo fator psicológico, personalidade, influencia a facilidade e a intensidade que um atleta sente estresse. Pesquisas mostram que atletas mais agressivos,competitivos, teimosos, arrogantes e/ou pessimistas têm lesões mais sérias e mais frequentes. Por outro lado, atletas com boas estratégias de enfrentamento, que têm um bom apoio social, por exemplo, lidam melhor com estresse e por isso se lesionam menos. Finalmente, o psicólogo e o treinador podem fazer intervenções para ajudar seus atletas a não sentir estresse em competições importante, melhor lidar com ele quando ocorrer e – principalmente no caso do treinador – evitar criar situações estressantes nos treinamentos. Sendo assim, algumas dicas psicológicas para diminuir o risco de lesões incluem técnicas de reinterpretação de situações estressantes, estabelecimento de objetivos que condizem com o nível do atleta, mentalização e técnicas de relaxamento. Criar um ambiente de treino positivo ajuda a evitar lesões, pois diminui o pessimismo, a competitividade excessiva e melhora a coesão de equipe, essa última cria o apoio social que ajuda a lidar com estresse. Assim como a percepção de estresse, as intervenções para evitá-lo também serão particulares para cada indivíduo. É importante que o atleta e seu treinador entendam o risco de lesão associado ao estresse e trabalhem para construir um ambiente de treino positivo, sem pequenas preocupações diárias e com uma boa relação entre os companheiros de equipe para que o atleta possa se concentrar exclusivamente no seu desempenho esportivo. (Entre em contato com o autor para adquirir às referências dos estudos citados)